2009/07/18
2009/06/25
A Ilha das Letras
A Câmara Municipal de S. Pedro do Sul organizou, recentemente, um evento cultural denominado "Ilha das Letras", na conhecida "ilha" situada no Lenteiro do Rio, uma das mais belas paisagens da nossa terra.
Ali se cruzaram a cultura e a arte eruditas, com Alice Vieira, José Fanha, José Jorge Letria, os nossos conterrâneos Jaime Gralheiro, David Almeida, Homem Cardoso, e tantos outros (foi lamentável Isabel Silvestre não ter podido assegurar a sua presença no dia em que a mesma estava prevista), com a cultura e a arte populares, não no sentido pimba, mas na verdadeira acepção da palavra, em termos musicais, ou com os contadores de "estórias" que fizeram rir largas dezenas de pessoas.
A nível musical, merecem ainda destaque as actuações de grupos identificados com o gosto da juventude. Valeu a pena ter assistido às palestras.
Foi uma óptima ideia o lançamento da obra "A caminho do nunca ou a minha loucura outros que me a tomem", de Jaime Gralheiro, no segundo dia do evento. Que esta realização prossiga nos próximos anos foi um desejo de quem passou naqueles dias pelo Lenteiro do Rio.
P.S.: no tocante à divulgação cultural, merecem também destaque as iniciativas organizadas pela C.M. de S. Pedro do Sul no Cine-Teatro e as últimas peças realizadas pelo Cénico - Grupo de Teatro Popular. Manuel Silva
2009/06/18
2009/06/09
2009/04/17
No Centenário de Soeiro Pereira Gomes
Ontem, dia 14 de Abril, passaram 100 anos sobre o nascimento do escritor Soeiro Pereira Gomes, figura destacada da corrente literária conhecida como neo-realismo nos anos 30 e 40 do século passado. "Contos vermelhos" ou "Engrenagens" são obras daquele escritor nascido no Porto, mas que residiu durante uma boa parte da sua vida em Alhandra - Vila Franca de Xira. Publicou também alguns contos. No entanto, o seu livro mais conhecido é "Os Esteiros".
N' "Os Esteiros", que li e estudei, com apenas 15 anos, no antigo 5º ano do liceu (actual 9º ano), Soeiro denuncia o trabalho infantil muito mal pago e a autêntica escravatura exercida sobre crianças em idade escolar por empresas de cerâmica localizadas junto ao Tejo. Gineto ou o Gaitinhas foram miúdos-personagens daquela obra que nunca esqueci.
"Os Esteiros", dedicado pelo autor aos "homens que não foram meninos", "Os Gaibéus" ou "A Fanga", de Alves Redol, "Uma Abelha na Chuva", de Carlos Oliveira, foram algumas obras que moldaram a consciência social de muita gente que as leu, pela denúncia que faziam da opressão, exploração e obscurantismo então vigentes. Em 5 de Dezembro de 1949, com apenas 40 anos, Soeiro falecia acometido de tuberculose. Além de escritor, participou activamente na luta política contra o regime salazarista, tendo pertencido ao Comité Central do Partido Comunista Português (PCP). Os desenhos constantes da capa dos "Esteiros" são da autoria de Álvaro Cunhal, o qual já na altura se destacava na direcção do partido de que veio a ser secretário-geral.
Goste-se ou não da opção ideológica de Soeiro Pereira Gomes (o autor destas linhas não se identifica nem nunca se identificou com tal opção), há que reconhecer que foi um grande escritor, comprometido com a defesa da justiça social e um lutador contra a opressão e a repressão, no seu tempo. Deve-se, em grande parte, à luta de Homens como ele, a liberdade que hoje se respira.
S. Pedro do Sul, 15 de Abril de 2009 Manuel Silva
2009/04/04
2009/03/25
12 (dozzzzzzzzzze) horas ao dia na Escola
Não posso, não devo, nem como homem, nem como pai, nem como educador, fazer de conta que não soube (por estes dias) que a Confederação Nacional das Associações de Pais propõe que as nossas escolas venham a funcionar durante 12 (dozzzzzzzzze) horas ao dia, presumo que excluídos Sábados, Domingos e Feriados!... A ser sincero, preferiria não o ter escutado sequer, que a razão existencial primeira da dita proponente é, tenho fé que o seja, defender crianças e adolescentes enquanto crianças e adolescentes, enquanto filhos, enquanto educandos. Como defensor ferranho do direito à liberdade, nomeadamente, à liberdade de expressão e de opinião, por obrigado me tenho em ouvir o(s) outro(s), concordando ou não, contrapondo ou não, justamente também eu em pleno exercício delas. Mas (e ele haverá sempre um mas!) tal direito supremo obriga (nos) ao denominado comummente por "sentido de responsabilidade", no caso, que se argumente, que pesemos bem o quanto dizemos, o quanto escrevemos, de acordo? Caso não, tenho para mim que a indispensável honestidade de pensamento e de palavra se botará de imediato em causa, logo, também a referida liberdade de opinião, já que indissociáveis as duas, certo? (Me) questiono, pois: ora, se é constatado, se é sabido por nós (educadores, pais, pedagogos, psicólogos, médicos especialistas...) que de há muito que a Criança passa tempo a mais nas escolas, em jardins de infância, nas creches, em ATLs... em detrimento de todo aquele que deveria partilhar com os pais, com os irmãos e com os avós, em suas casas e nas dos avós, em ritmos, espaços e actividades pluridisciplinares diferenciadas, por que razão (repito-me), por que raça de razões necessárias ao seu crescimento, ao seu desenvolvimento global e harmonioso, é que há-de ela agora passar a "secar" (meio dia ao dia!) na Escola, porquê?!... Ah, pois, é que nós, pais, não podemos estar com eles (com os nossos filhos, os nossos educandos, as nossas crianças!); carecemos de tempo e de disponibilidade, percebe? Sim, claro, demitidos os pais, falho o seu papel insubstituível de pais, de educadores, a Escola que se vire, que se (re)organize, que se (re)formule, substituindo-os!... Não, meus senhores, o papel educativo da Escola é (salvo excepções devidamente sinalizadas) de complementaridade e não de substituição. Não vos demiteis, combinado? Ora venha daí comigo: a construção da "Escola de Massas" assentou, assenta em concepções burocráticas que perspectivam a justiça em termos de tratamento impessoal, opostas, pois, à evolução das ideias pedagógicas valorizando a "pessoalidade". É a chamada democratização do ensino em que, conforme Formosinho (1997), a evolução institucional da Escola se encaminhou no sentido de uma estrutura uniforme e estandardizada. Todavia, é igualmente sabido que a evolução das ideias pedagógicas caminhou em sentido contrário, implicando uma "pedagogia flexível" e uma "pedagogia diversificada" que se adaptem às diferenças de cada educando. Daqui ter antes sublinhado que a evolução institucional da Escola se tem oposto à implementação efectiva dos modelos pedagógicos, contradição que (ainda segundo Formosinho) é factor responsável pelo sentimento de mal estar e até de crise na Educação escolar. Vai daí que, contrariamente até ao redito "bom senso comum", saltam da cartola socrática Dona Lurdes mais seus "mais-que- tudo" e, claro está, seu estimado "bode expiatório": os docentes de Portugal!... Eureka!... Eis, finalmente, meus senhores, a chave do problema; eis, já agora, igualmente, a chave da solução: acabe-se com estes "professorzecos", debandem eles, punidos, penalizados, para a refo(r)mita, para um outro "carreiro", para a "bolsa" que se lhes aprouver ou tão só para poiso de "titulares" do arremedo, da chacota, ok? É, o que está decidido decidido está: bem sei que os perdi, bem o sei, mas a verdade é que o povo está comigo!... É, o que é preciso, o que é urgente é uma Escola a tempo inteiro, combinado?... (Calha não calha? A maioria dos pais até despega a essa hora...) Os "...zecos" que se cuidem, que se amanhem, que se...! Malandros, preguiçosos, é o que eles são, ou não sabieis?!... Seja ele trabalho individual, seja ele trabalho de escola, seja apenas e só "fardo estatístico-burocrático", não interessa; seja lá ele o que for, o que foi decidido, o que restará para a História é que José foi o pai e Maria a mãe. O(s) Menino(s) que se ergam das palhinhas com as estrelas, que bocejem em carrinhas pela matina, que virem costas aos campos e às serras, que abandonem vacas, burros e demais, que se ajuntem e se amontoem por entre paredes de betão, corredores armados até de cacifos, de tons, de sons e de gente da alvorada ao entardecer os mesmos (sempre os mesmos!) de Segunda a Sexta... todas as semanas... todos os meses... ano após ano... _ Verdade, vizinha, o meu Joãozinho até já fala Inglês, veja só!... E música, aquilo é qu'ele gosta de música!... Cá por mim, bem que o metia no karaté... na ginástica... na natação... mas (sabe como é, vizinha) os euritos não esticam!_ ... nem o teeeeeeeeeeeeempo!!! (exclamou-lhe) Por falar em "tempo": a resposta que a Escola e o Jardim de Infância e a Creche e o ATL... fornecem às pressões sociais advindas, precisamente, da colonização do tempo futuro, conduzirá, de facto, a uma Educação sucedida para a flexibilidade, a imaginação e a criatividade que o risco e a incerteza demandam? E já agora, meus senhores: como se comportará (num futuro breve) uma sociedade formada por adultos a quem (na infância!) lhes retiraram o tempo de infãncia, o direito ao tempo para brincar, aprisionando-a (12 horas ao dia!) na cadeia da busca do (reeeeeeeeeedito!) sucesso? 24 de Março de 2009 jão cerveira
2009/03/14
2009/03/12
2009/03/05
Sabor(es) de poesia, "essa fome sem remédio"...
Nasceste, menino, lá vão já dois mesitos!...
Vê tu, menino, como em dois mesitos só quase mil te visitariam!...
Parabéns, menino, que tua vida prossiga assim feita de tantas outras vidas, combinado?
Te deixo aqui, menino, de António Gedeão,
Aurora Boreal
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
Respeitosamente, menino,
jão cerveira, 5 de Março de 2009
Vê tu, menino, como em dois mesitos só quase mil te visitariam!...
Parabéns, menino, que tua vida prossiga assim feita de tantas outras vidas, combinado?
Te deixo aqui, menino, de António Gedeão,
Aurora Boreal
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
Respeitosamente, menino,
jão cerveira, 5 de Março de 2009
2009/03/02
Quem nunca "viu estrelas"... (a respeito do 1º Encontro sobre Astronomia, na Sabores do Livro, em São Pedro do Sul)
Quem nunca "viu estrelas" sem ter sequer erguido os olhos para o céu, quem?!...Para tal bastou, de certeza, que por uma só vez se tenha todinho(a) sentado sobre o pau do assento de uma cadeira sob o qual restavam ainda dedos seus!... Chiiiiiiiiiiiiiça, estrelas e mais estrelas em "constelações" sem termo, calhando até que pela dor se avistem "luzeiros, asas e orelhas", mesmo objectos voadores não identificados (OVNIs), não é verdade?!...Pois bem, há precisamente 400 anos que Galileu botaria os seus ao universo, observando Júpiter e seus satélites, Saturno com suas asas ou orelhas em volta, o Sol e suas manchas, a Lua com sombras, Vénus (grande luzeiro para Poente) e suas fases..., o que lhe poria "a cabeça a prémio" (segundo o professor Hermínio), já que contra o parecer da Igreja de que a Terra era o centro do universo. Não, meus amigos, sim o Sol, concluiu. É, e se o gelo e umas pomadas amainarão os ais e os uis pela dita entaladela, certo é que o caso se não resolve, por vezes, assim a bem, tendo mesmo que socorrer-se de Raios X, de talas e de gesso, até de anestesia e de bisturi, não é?!... Lá calha, felizmente, também, que os instrumentos de observação à mão comprovam que os ossitos não quebraram e que a negritude da(s) unha(s) será passageira como borradela de verniz. Sorte, é o que é. Na Astronomia (disciplina científica que estuda os astros no universo) os instrumentos de observação são outros: máquina fotográfica, computador, câmara de vídeo, aparelhos digitais, satélites em órbita, sondas, robots..., sendo que os nossos olhos são, quem diria, um excelente instrumento de observação dos astros!... Experimente deitar-se de costas, já agora, durante cerca de 15 minutos, com os olhos fechados, combinado? Ok, assim mesmo: contando carneiros ou tão só imaginando-se em Agosto, sob couqueiros, ali pela Praia da Vagueira. Isso, fechados, sempre bem cerradinhos, que por lá nem cornada de ovino nem porrada de côco, é o que lhe afianço! Acreditava não, pois não?!... Como vê, apenas um quarto de hora e a sua visão está agora habituada à escuridão. Com ela (ensinou o professor Alberto) observamos o Sol, a Lua, a Estrada de Santiago (até os não peregrinos, junto eu!), Marte, Mercúrio, Vénus, Júpiter, Saturno e mesmo Urano, no limite da visibilidade humana; mas, se usarmos um binóculo (cerca de 50 vezes mais a nossa visão), veremos grande diversidade de enxames de estrelas, estrelas duplas, bastantes nublosas, etc. Entaladela de dedo(s) não é coisa que se deseje, é um facto, mas... morrer por pneumonia, derivado às agruras do tempo em observação dos astros, menos ainda, não acha?!... Pois olhe, foi exactamente o que aconteceu com Conceição e Silva, primeiro astrónomo português. Azar, é o que é. Pois sim, 2009 é o Ano Internacional da Astronomia (AIA), durante o qual se pretende, em síntese, divulgar a Astronomia como disciplina científica, mostrar o seu impacto em cada Cultura e comemorar, conforme dito antes, o 4º Centenário das observações e estudos de Galileu. Neste contexto, estão programadas diversas actividades em Portugal e no estrangeiro. De palestras e simpósios a encontros para observação dos astros, relevo aqui os apagões previstos em alguns locais do país e do mundo, justamente para que as pessoas melhor possam olhar o céu, aliás, tal qual o faziam antigamente de forma repetitiva. Daqui algum do conhecimento empírico relativo à sucessão das estações do ano ou ao tempo de semear e de colher, por exemplo. O nosso Seringador ou Borda d'Água é disso um exemplo vivo. Inteligente que é, o Homem inventaria o telescópio, basicamente composto por um tubo com lunetas telescópicas, captando imagens por refracção da luz. São vários os modelos e os preços, sendo que o telescópio de Newton é porventura o mais fiável e barato. De sublinhar que a principal característica deste instrumento de observação é a abertura, ou seja, o diâmetro da sua objectiva; a amplificação é por nós (observadores) feita com as várias oculares existentes. Para apontar este ou aquele ponto no universo há o apontador a laser. Neste universo ele há coisitas difíceis de entender, na verdade: ora, se não é de todo comum entalar o(s) dedo(s)ao chegar a cadeira à mesa de repasto, se não será assim tão fácil (digo eu!) percebermos que "somos filhos duma explosão", o que dizer do facto de "em Vénus o dia ser maior do que o ano"?!... É, já que não esteve no 1º Encontro sobre Astronomia, na Sabores do Livro, em São Pedro do Sul, convido-o(a) a visitar o site astronomia 2009. Percorra espaço(s) também seu, mas... não apenas seu, não apenas nosso, ok? Ele há 100 mil milhões de galáxias no universo, sabia?!... E já agora, desengane-se: pensa você que é de um dado signo, mas... olhe que não, olhe que não! (segundo o professor A. Bandeira) Aos três, aos professores Alberto, Bandeira e Hermínio, lanço este desafio: arranjai meia dúzia de pontos de observação e convidai astrónomos amigos para orientardes, em data(s) a combinar com as autarquias, outros tantos Encontros de observação dos astros. Por que não estendê-los, em particular, aos mais jovens, aos mais idosos e aos aquistas a frequentarem as Termas de São Pedro do Sul?
jão cerveira, 1 de Março de 2009
2009/02/26
BIOGRAFIA DE UM INSPECTOR DA PIDE –Fernando Gouveia e o Partido Comunista de Iene Flunser Pimentel.
Impressões corridías de Leitura:
Para ser franco, devo dizer que este livro me desiludiu de uma ponta à outra.
Da Autora, de quem eu já conhecia as Vítimas de Salazar, em co-autoria, eu esperava muito mais.
Em boa verdade, desde a contra capa à Nota Prévia, eu sabia que o objecto do estudo era o Pide Gouveia, um dos mais eficientes e temidos torcionários das várias polícias políticas do Regime Salazarista (Polícia de Informação, PVDE e PIDE), ao longo de mais de 40 anos. Eu sabia que, por razões de mim desconhecidas, ele se tornara num “especialista” na luta contra o então “chamado” Partido Comunista Português.. E uma das minhas primeiras curiosidades estava exactamente aí. Como é que um Pide adquiria a “especialidade” em anticomunismo. Haveria “cursos”, com leituras obrigatórias e análises históricas, ou um Pide já nascia anticomunista, como quem nasce nu? Se não nascia, como é que se fazia ou era feito? Tudo matérias que teriam interesse histórico e teórico e eu julgava que a biografia do pide Gouveia, o tal “especialista”, me iria fornecer alguns elementos a este respeito; para além disso, eu julgava que por detrás da história da Repressão policial fascista eu iria perceber melhor e saber algo mais sobre a luta antifascista, em geral, e sobre a luta dos comunistas, em particular.
Puro engano. A metodologia seguida pela autora não se preocupou com tais “banalidades” laterais: o seu grande objectivo era fazer o retrato do Pide Gouveia e essas “lateralidades” só teriam o relevo que o personagem central justificasse. E foi assim que ao longo do texto (quase 400 páginas) começaram a desfilar centenas, senão milhares de nomes de comunistas mais ou menos anónimos, à medida que iam tropeçando na actividade quotidiana do biografado.
O livro acaba por se transformar numa espécie de rol de comunistas que vão aparecendo, à medida que vão sendo presos, para logo desaparecem e darem lugar outros. Nenhuma razão superior de luta une ou motiva estes homens e mulheres, ao longo de mais de 40 anos de clandestinidade. Segundo o biografado “aquele nojo de gente” ou nasceu assim (por destino de Deus ou do Diabo) ou naqueles rebotalhos humanos se transformaram por maldade ou por razões mesquinhas de ascensão política e social, contra santa Ordem vigente instituída. Eram ratos do esgoto social a que era necessário e urgente da caça e exterminar. Nesta caça e extermínio se especializou o tal Gouveia!!!.
Ao longo de tanta página adivinham-se momentos de grande tensão, promessas, traições, denúncias e mortes. Mas nada é tratado na sua sede própria, procurando-se as verdadeiras razões e porquês. Tudo é amalgamado num confucionismo que está de acordo com a formação política do biografado e, parece, que da biógrafa.
Eu julgava que, historicamente, havia interesse em tirar estas coisas a limpo, isto é, o que houve de verdade nas acusações que a Pide (o Gouveia, em particular) fazia aos comunistas no sentido de que estes serem, também uns para os outros, verdadeiros traidores, sem moral nem princípios, denunciantes, perseguidores e assassinos.
Sobre isto resta-nos o exemplo final que a Autora deixou do Pide Gouveia. Quando veio o 25 de Abril. Ele estava no seu posto. “Honradamente” entregou-se foi-lhe movido um processo crime na Comissão da Extinção da Pide, onde ele fora acusado de todo o tipo de violências e sevícias cometidas contra os comunistas: agressões físicas (socos e pontapés); morais (insultos e enxovalhos) principalmente contra as mulheres, tortura da estátua e privações de sono, durante dias e dias seguidos, com interrogatórios contínuos, levando, algumas vezes ao suicídio e outras, à loucura.
Este processo foi levantado e nele foram ouvidas muitas das vítimas directas de Gouveia que de todas se defendeu negando a prática de qualquer acto de violência sobre elas, explicando que as acusações que lhe eram feitas se traduziam em vinganças ou “desculpas” daqueles que, voluntariamente se abriam os seus interrogatórios, confessando tudo o que tinham feito e denunciando a Organização, para, agora, se justificarem perante os seus “camaradas” das traições então cometidas.
Que foi feito desse processo? Quem absolveu Gouveia mesmo, sem julgamento? Como é que se explica que, por um passe mágico, ele, Sacheti e tantos outros de torcionários se tenham transformado em “honestos” reformados da função pública, recebendo até à hora das sua morte, chorudas pensões.
Quem arquivou o processo do Gouveia, valorizando, historicamente, mais a palavra do carrasco que a palavra das suas vítimas? A biógrafa de Gouveia não quis saber deste “pormenor” dos valores e arquivou, também ela, tão incómoda matéria....
Nem só o Gouveia foi anticomunista primário...
Jaime Gralheiro
Impressões corridías de Leitura:
Para ser franco, devo dizer que este livro me desiludiu de uma ponta à outra.
Da Autora, de quem eu já conhecia as Vítimas de Salazar, em co-autoria, eu esperava muito mais.
Em boa verdade, desde a contra capa à Nota Prévia, eu sabia que o objecto do estudo era o Pide Gouveia, um dos mais eficientes e temidos torcionários das várias polícias políticas do Regime Salazarista (Polícia de Informação, PVDE e PIDE), ao longo de mais de 40 anos. Eu sabia que, por razões de mim desconhecidas, ele se tornara num “especialista” na luta contra o então “chamado” Partido Comunista Português.. E uma das minhas primeiras curiosidades estava exactamente aí. Como é que um Pide adquiria a “especialidade” em anticomunismo. Haveria “cursos”, com leituras obrigatórias e análises históricas, ou um Pide já nascia anticomunista, como quem nasce nu? Se não nascia, como é que se fazia ou era feito? Tudo matérias que teriam interesse histórico e teórico e eu julgava que a biografia do pide Gouveia, o tal “especialista”, me iria fornecer alguns elementos a este respeito; para além disso, eu julgava que por detrás da história da Repressão policial fascista eu iria perceber melhor e saber algo mais sobre a luta antifascista, em geral, e sobre a luta dos comunistas, em particular.
Puro engano. A metodologia seguida pela autora não se preocupou com tais “banalidades” laterais: o seu grande objectivo era fazer o retrato do Pide Gouveia e essas “lateralidades” só teriam o relevo que o personagem central justificasse. E foi assim que ao longo do texto (quase 400 páginas) começaram a desfilar centenas, senão milhares de nomes de comunistas mais ou menos anónimos, à medida que iam tropeçando na actividade quotidiana do biografado.
O livro acaba por se transformar numa espécie de rol de comunistas que vão aparecendo, à medida que vão sendo presos, para logo desaparecem e darem lugar outros. Nenhuma razão superior de luta une ou motiva estes homens e mulheres, ao longo de mais de 40 anos de clandestinidade. Segundo o biografado “aquele nojo de gente” ou nasceu assim (por destino de Deus ou do Diabo) ou naqueles rebotalhos humanos se transformaram por maldade ou por razões mesquinhas de ascensão política e social, contra santa Ordem vigente instituída. Eram ratos do esgoto social a que era necessário e urgente da caça e exterminar. Nesta caça e extermínio se especializou o tal Gouveia!!!.
Ao longo de tanta página adivinham-se momentos de grande tensão, promessas, traições, denúncias e mortes. Mas nada é tratado na sua sede própria, procurando-se as verdadeiras razões e porquês. Tudo é amalgamado num confucionismo que está de acordo com a formação política do biografado e, parece, que da biógrafa.
Eu julgava que, historicamente, havia interesse em tirar estas coisas a limpo, isto é, o que houve de verdade nas acusações que a Pide (o Gouveia, em particular) fazia aos comunistas no sentido de que estes serem, também uns para os outros, verdadeiros traidores, sem moral nem princípios, denunciantes, perseguidores e assassinos.
Sobre isto resta-nos o exemplo final que a Autora deixou do Pide Gouveia. Quando veio o 25 de Abril. Ele estava no seu posto. “Honradamente” entregou-se foi-lhe movido um processo crime na Comissão da Extinção da Pide, onde ele fora acusado de todo o tipo de violências e sevícias cometidas contra os comunistas: agressões físicas (socos e pontapés); morais (insultos e enxovalhos) principalmente contra as mulheres, tortura da estátua e privações de sono, durante dias e dias seguidos, com interrogatórios contínuos, levando, algumas vezes ao suicídio e outras, à loucura.
Este processo foi levantado e nele foram ouvidas muitas das vítimas directas de Gouveia que de todas se defendeu negando a prática de qualquer acto de violência sobre elas, explicando que as acusações que lhe eram feitas se traduziam em vinganças ou “desculpas” daqueles que, voluntariamente se abriam os seus interrogatórios, confessando tudo o que tinham feito e denunciando a Organização, para, agora, se justificarem perante os seus “camaradas” das traições então cometidas.
Que foi feito desse processo? Quem absolveu Gouveia mesmo, sem julgamento? Como é que se explica que, por um passe mágico, ele, Sacheti e tantos outros de torcionários se tenham transformado em “honestos” reformados da função pública, recebendo até à hora das sua morte, chorudas pensões.
Quem arquivou o processo do Gouveia, valorizando, historicamente, mais a palavra do carrasco que a palavra das suas vítimas? A biógrafa de Gouveia não quis saber deste “pormenor” dos valores e arquivou, também ela, tão incómoda matéria....
Nem só o Gouveia foi anticomunista primário...
Jaime Gralheiro
2009/02/10
... e para que o "amor" saia vencedor...
e para que o "amor" saia vencedor face ao "ódio", a respeito do que aqui escreve Célia Lopes sobre os mais jovens e a (não) leitura, parece-me oportuno ora deixar as ideias seguintes:
UM - ao lado da "literatura para adultos", a literatura infanto-juvenil (por alguns posta em dúvida quanto ao facto de poder ser considerada como verdadeiro objecto literário) participa também ela de um complexo processo comunicativo onde se interpenetram elementos diversos como o ideológico, o económico, o político, etc.
A ser rigoroso, deverei mesmo corrigir: aquilo de que falo é de Literatura para a Infância e para a Adolescência.
Como refere Marc Soriano (1975), a literatura para os mais jovens é uma comunicação histórica (localizada no tempo e no espaço) entre um locutor ou um escritor adulto, o emissor, e um destinatário criança ou adolescente, o receptor.
Outra coisa é, pois, literatura elaborada por crianças e por adolescentes, que também a há;
DOIS - dado o seu destinatário (criança ou adolescente), este tipo de literatura aponta para um entendimento da literatura enquanto fenómeno comunicativo específico, procurando abarcar os seus diversos pólos: a esfera do emissor e a do receptor, com as suas particularidades, suas especificidades, assim como a necessária contextualização, num momento e espaço precisos.
Deste modo, parace-me de crucial importância a necessidade de um conhecimento efectivo dos traços próprios à fase de desenvolvimento da criança e /ou do adolescente, o receptor. Estou a lembrar-me, por exemplo, de suas estruturas linguísticas, intelectuais e afectivas;
TRÊS - tal como consideramos a existência de uma literatura para a infância e para a adolescência (vulgo literatura infanto-juvenil), parece-me não menos importante que tenhamos em conta uma situação plural, isto é, várias "escritas", adequadas (ou não) a cada um dos estádios ou fases de desenvolvimento do indivíduo humano;
QUATRO - a escritora Henriette Biochonnier (1991), reflectindo exactamente sobre estas questões, chama a atenção para o seguinte: o termo genérico literatura para crianças recobre duas realidades contraditórias: o mundo da literatura e o das crianças.
Por literatura entende-se geralmente (diz ela) escrita livre inspirada, uma estratégia pessoal do autor, não tendo a preocupação de agradar a ninguém em particular. É o mundo da literatura.
Quando escrevemos para crianças (junta Henriette), a estratégia é forçosamente muito diferente, uma vez que nos dirigimos a um público-alvo preciso, relativamente (des)conhecido, cujo limite de idade costuma situar-se por volta dos 12 anos.
Assim, acrescentar "para crianças" à palavra literatura acaba, pois, por evocar um outro género literário, uma outra forma de escrita;
CINCO - escrito o que está nos quatro pontos anteriores, deixo aqui colocada a questão: como dar às crianças e aos adolescentes textos de boa qualidade, acessíveis ao seu nível de leitura, ligados ao seu ambiente cultural?...
É que, como salientam Christian Poslaniec (1992) e Denise Escarpit (1998), sou de opinião de que continua ora reinando um reduzido interesse das várias instituições de validação literária (crítica, universidade, etc.) em relação à literatura para crianças e para adolescentes!...
Jão Cerveira
08 de Fevereiro de 2009
UM - ao lado da "literatura para adultos", a literatura infanto-juvenil (por alguns posta em dúvida quanto ao facto de poder ser considerada como verdadeiro objecto literário) participa também ela de um complexo processo comunicativo onde se interpenetram elementos diversos como o ideológico, o económico, o político, etc.
A ser rigoroso, deverei mesmo corrigir: aquilo de que falo é de Literatura para a Infância e para a Adolescência.
Como refere Marc Soriano (1975), a literatura para os mais jovens é uma comunicação histórica (localizada no tempo e no espaço) entre um locutor ou um escritor adulto, o emissor, e um destinatário criança ou adolescente, o receptor.
Outra coisa é, pois, literatura elaborada por crianças e por adolescentes, que também a há;
DOIS - dado o seu destinatário (criança ou adolescente), este tipo de literatura aponta para um entendimento da literatura enquanto fenómeno comunicativo específico, procurando abarcar os seus diversos pólos: a esfera do emissor e a do receptor, com as suas particularidades, suas especificidades, assim como a necessária contextualização, num momento e espaço precisos.
Deste modo, parace-me de crucial importância a necessidade de um conhecimento efectivo dos traços próprios à fase de desenvolvimento da criança e /ou do adolescente, o receptor. Estou a lembrar-me, por exemplo, de suas estruturas linguísticas, intelectuais e afectivas;
TRÊS - tal como consideramos a existência de uma literatura para a infância e para a adolescência (vulgo literatura infanto-juvenil), parece-me não menos importante que tenhamos em conta uma situação plural, isto é, várias "escritas", adequadas (ou não) a cada um dos estádios ou fases de desenvolvimento do indivíduo humano;
QUATRO - a escritora Henriette Biochonnier (1991), reflectindo exactamente sobre estas questões, chama a atenção para o seguinte: o termo genérico literatura para crianças recobre duas realidades contraditórias: o mundo da literatura e o das crianças.
Por literatura entende-se geralmente (diz ela) escrita livre inspirada, uma estratégia pessoal do autor, não tendo a preocupação de agradar a ninguém em particular. É o mundo da literatura.
Quando escrevemos para crianças (junta Henriette), a estratégia é forçosamente muito diferente, uma vez que nos dirigimos a um público-alvo preciso, relativamente (des)conhecido, cujo limite de idade costuma situar-se por volta dos 12 anos.
Assim, acrescentar "para crianças" à palavra literatura acaba, pois, por evocar um outro género literário, uma outra forma de escrita;
CINCO - escrito o que está nos quatro pontos anteriores, deixo aqui colocada a questão: como dar às crianças e aos adolescentes textos de boa qualidade, acessíveis ao seu nível de leitura, ligados ao seu ambiente cultural?...
É que, como salientam Christian Poslaniec (1992) e Denise Escarpit (1998), sou de opinião de que continua ora reinando um reduzido interesse das várias instituições de validação literária (crítica, universidade, etc.) em relação à literatura para crianças e para adolescentes!...
Jão Cerveira
08 de Fevereiro de 2009
2009/02/09
As primeiras observações do Céu com Telescópio
GALILEU GALILEI
AS PRIMEIRAS OBSERVAÇÕES DO CÉU COM TELESCÓPIO.
Galileu nasceu em Florença, Itália, em 1564 é considerado o primeiro sábio moderno, abandonou as teorias aristotélicas que relacionavam os fenómenos com as propriedades escondidas, substituindo-as pela pesquisa objectiva das leis da natureza, formuladas em linguagem matemática. Provou a teoria heliocêntrica do sistema solar, proposta por Aristarco de Samos no século III a.c e retomada por Nicolau Copérnico no séc. XVI. O modelo de Copérnico gerou muita polémica na época, pois chocava com as crenças muito antigas, sobretudo as de carácter religioso e filosófico. Esta controvérsia estimulou outros astrónomos a estudarem o movimento dos astros. Foi o que aconteceu com o dinamarquês Tycho Brahe, que durante 20 anos fez observações de grande precisão sobre as posições ocupadas pelo Sol e pelos planetas, Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno que se podem observar a olho nu (sem qualquer instrumento de ampliação). Foi com estes registos que Kepler enunciou três leis que regulam e explicam em linguagem matemática, o movimento dos planetas em torno do Sol e dos satélites em torno do planeta principal.
O telescópio surgiu na Holanda no início do séc. XVII, foi patenteado tal como hoje o conhecemos pelo Alemão Hans Lipperhey em 1608, mas foi Galileu, construiu uma luneta com um tubo de órgão de igreja e duas lentes que permitia uma ampliação de 20X vezes, um dos primeiros a apontar este instrumento para o Céu, no final de 1609, há exactamente 400 anos.
Por este facto 2009 foi escolhido para se comemorar o Ano Internacional da Astronomia AIA2009.
As descobertas de Galileu foram relatadas em 1610 no Siderus Nuncius (A Mensagem Celeste). Descobre as montanhas na Lua, de que calcula a altura medindo as suas sombras, a esfericidade das então “estrelas errantes” planetas, na altura chamavam-se estrelas a todos os astros, as fases de Vénus, já previstas por Copérnico, as manchas solares, uma protuberância ainda pouco nítida no equador de Saturno que mais tarde se viria a identificar com os anéis, quatro satélites de Júpiter, que ele, designou por «estrelas de Medici», (Io, Europa, Ganimedes e Calisto) e a Via Láctea que se tomava por uma espécie de nuvem, decompôs-se com inumeráveis estrelas invisíveis a olho nu.
Galileu publicou ainda em 1623 o “Diálogo sobre os Dois Sistemas do Mundo, o Copérnico e o de Ptolomeu”. Copérnico defendia o sistema heliocêntrico e Ptolomeu o sistema Geocêntrico.
Galileu defendia que a Terra rodava em torno do Sol, o que ia contra o que defendia a Igreja, tudo girava à volta da Terra que estava fixa. Em 1616, o Santo Ofício proibiu Galileu de ensinar que a Terra roda à volta do Sol. Chamado a Roma, è obrigado a renunciar à sua heresia e é condenado a residência forçada em Arcetri, onde morreu em 1642. Ficou celebre a frase “e contudo ela gira”
Muitas pessoas possuem em casa binóculos, que usam apenas para observações terrestres, mas se olharem através deles para o céu nocturno, também podem tirar as mesmas conclusões que Galileu tirou no início do século XVII.
Algumas destas observações e outros factos vão ser revistos no próximo dia 13 Sexta - Feira no Café/Livraria Sabores do Livro, Amigos & Cª em S. Pedro do Sul.
António Bandeira Rodrigues
AS PRIMEIRAS OBSERVAÇÕES DO CÉU COM TELESCÓPIO.
Galileu nasceu em Florença, Itália, em 1564 é considerado o primeiro sábio moderno, abandonou as teorias aristotélicas que relacionavam os fenómenos com as propriedades escondidas, substituindo-as pela pesquisa objectiva das leis da natureza, formuladas em linguagem matemática. Provou a teoria heliocêntrica do sistema solar, proposta por Aristarco de Samos no século III a.c e retomada por Nicolau Copérnico no séc. XVI. O modelo de Copérnico gerou muita polémica na época, pois chocava com as crenças muito antigas, sobretudo as de carácter religioso e filosófico. Esta controvérsia estimulou outros astrónomos a estudarem o movimento dos astros. Foi o que aconteceu com o dinamarquês Tycho Brahe, que durante 20 anos fez observações de grande precisão sobre as posições ocupadas pelo Sol e pelos planetas, Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno que se podem observar a olho nu (sem qualquer instrumento de ampliação). Foi com estes registos que Kepler enunciou três leis que regulam e explicam em linguagem matemática, o movimento dos planetas em torno do Sol e dos satélites em torno do planeta principal.
O telescópio surgiu na Holanda no início do séc. XVII, foi patenteado tal como hoje o conhecemos pelo Alemão Hans Lipperhey em 1608, mas foi Galileu, construiu uma luneta com um tubo de órgão de igreja e duas lentes que permitia uma ampliação de 20X vezes, um dos primeiros a apontar este instrumento para o Céu, no final de 1609, há exactamente 400 anos.
Por este facto 2009 foi escolhido para se comemorar o Ano Internacional da Astronomia AIA2009.
As descobertas de Galileu foram relatadas em 1610 no Siderus Nuncius (A Mensagem Celeste). Descobre as montanhas na Lua, de que calcula a altura medindo as suas sombras, a esfericidade das então “estrelas errantes” planetas, na altura chamavam-se estrelas a todos os astros, as fases de Vénus, já previstas por Copérnico, as manchas solares, uma protuberância ainda pouco nítida no equador de Saturno que mais tarde se viria a identificar com os anéis, quatro satélites de Júpiter, que ele, designou por «estrelas de Medici», (Io, Europa, Ganimedes e Calisto) e a Via Láctea que se tomava por uma espécie de nuvem, decompôs-se com inumeráveis estrelas invisíveis a olho nu.
Galileu publicou ainda em 1623 o “Diálogo sobre os Dois Sistemas do Mundo, o Copérnico e o de Ptolomeu”. Copérnico defendia o sistema heliocêntrico e Ptolomeu o sistema Geocêntrico.
Galileu defendia que a Terra rodava em torno do Sol, o que ia contra o que defendia a Igreja, tudo girava à volta da Terra que estava fixa. Em 1616, o Santo Ofício proibiu Galileu de ensinar que a Terra roda à volta do Sol. Chamado a Roma, è obrigado a renunciar à sua heresia e é condenado a residência forçada em Arcetri, onde morreu em 1642. Ficou celebre a frase “e contudo ela gira”
Muitas pessoas possuem em casa binóculos, que usam apenas para observações terrestres, mas se olharem através deles para o céu nocturno, também podem tirar as mesmas conclusões que Galileu tirou no início do século XVII.
Algumas destas observações e outros factos vão ser revistos no próximo dia 13 Sexta - Feira no Café/Livraria Sabores do Livro, Amigos & Cª em S. Pedro do Sul.
António Bandeira Rodrigues
2009/01/26
O "Último Eça" de Miguel Real
Título: O Último Eça
Autor: Miguel Real
Editora: QuidNovi
Ano de 2006
"O Último Eça" de Miguel Real, é um ensaio que põe em destaque/confronto, as teses do Estado Novo e leituras de estudiosos bem diferentes como António Sérgio, Jaime Cortesão ou António José Saraiva, entre outros. Nesta obra, Miguel Real, dá a cara por adjectivos que qualificam "O Último Eça" como "empenhado" e "humanista" e até mesmo "revolucionário", ao contrário de outros, que o apresentam como "resignado", "vencido da vida" ou "passivo". Ao chamar a atenção para a existência de algumas semelhanças entre o Portugal de hoje e as últimas décadas do século XIX, teve o condão de me despertar uma enorme vontade de voltar a ler toda a obra de Eça de Queirós.
"O Último Eça" de Miguel Real, é um ensaio que põe em destaque/confronto, as teses do Estado Novo e leituras de estudiosos bem diferentes como António Sérgio, Jaime Cortesão ou António José Saraiva, entre outros. Nesta obra, Miguel Real, dá a cara por adjectivos que qualificam "O Último Eça" como "empenhado" e "humanista" e até mesmo "revolucionário", ao contrário de outros, que o apresentam como "resignado", "vencido da vida" ou "passivo". Ao chamar a atenção para a existência de algumas semelhanças entre o Portugal de hoje e as últimas décadas do século XIX, teve o condão de me despertar uma enorme vontade de voltar a ler toda a obra de Eça de Queirós.
O ideal seria a gente reunir-se na "Sabores do Livro" em dia certo a hora determinada para falarmos de livros, designadamente, dos livros que andamos a ler e ou acabamos de ler. Trocar impressões, numa tertúlia viva. Acontece que isso poderá ser impossível, porque os horários de cada um podem não coincidir com os horários de cada qual. Assim, a alternativa será mesmo por este meio. Começando:
Pelo Natal o meu "menino jesus" traz-se, sempre e tão só, livros. Dos que vieram neste último , o primeiro que li foi "O Rei do Volfrâmio" de Miguel Miranda.
O tema é-me muito caro e próximo, pois a minha meninice, infância e adolescência foram vivida no interior de uma família de um "rei do volfrâmio" - meu pai.
Apesar de reconhecer ao Autor uma grande capacidade e desenvoltura na criação de "suspense"/curiosidade (o próprio título do livro é um bom exemplo), tenho de reconhecer que o livro me desiludiu um pouco.
Para mim, uma estória bem contada tem de ter verosimilhança, se non e vero e bene trovato, e este "O Rei do Volfrâmio" tem situações absolutamente inverosímeis: desde o facto de uma só concessão (a do "Rei do Volfrâmio") ter capacidade para abastecer as necessidades deste mineral a Alemanha de Hitler, mantendo por sua conta um comboio exclusivo, num vai-vem constante. Na verdade, um comboio dava para muitas concessões e quem se responsabilizava pelo comboio não era o concessionário, mas uma outra figura: o "exportador" que controlava a exploração. Cada um tinha a sua tarefa. Daqui resulta que toda o trama que põe o "Rei do Volfrâmio" a atravessar Espanha à testa do tal comboio não tem fundamento na realidade histórica.
Mas, o pior é quando a Autor põe em contacto o "Rei do Volfrâmio" com o famoso "Carlos, o Chacal", famoso terrorista internacional que nasceu em Caracas em 1949. É que a acção de " O "Rei do Volfrâmio" passa-se nos fins dos anos 30 e durante a Grande Guerra de 1939-45, isto é, quando "Carlos, o Chacal" ainda nem sequer tinha nascido.
Poder-se-á dizer que o "Rei do Volfrâmio" é um romance e não um um ensaio histórico. Pois é, só que em vez de acrescentar alguma coisa aos nossos conhecimentos, baralha-os. E, como a poesia nunca fez mal aos doutores (António Ferreira), também um certo rigor histórico não faz mal aos romancistas.
Depois estes anacronismos não se verificam apenas neste ponto: a viagem de João Boa Morte de Paris para Portugal com o cadáver da tia "às costas" volta a ser um chorrilho de incoerências. Tem graça, mas não é original, e falta-lhe a tal verosimilhança, pois não é crível que o automóvel tivesse de ficar à espera, na passagem de nível que o comboio passasse...
De qualquer maneira gostava que outrem que tenha lido o livro emita sobre ele a sua opinião, desde logo sobre as dúvida que apresento e, depois, sobre o facto de a tese que se propunha demonstrar ( vida e actuação dos volframistas durante a Guerra Civil de Espanha e durante a II Grande Guerra Mundial) ter falhado redondamente.
Ou este "falhanço" é mais um truque usado para manter a suspense até ao fim?
Jaime Gralheiro
Pelo Natal o meu "menino jesus" traz-se, sempre e tão só, livros. Dos que vieram neste último , o primeiro que li foi "O Rei do Volfrâmio" de Miguel Miranda.
O tema é-me muito caro e próximo, pois a minha meninice, infância e adolescência foram vivida no interior de uma família de um "rei do volfrâmio" - meu pai.
Apesar de reconhecer ao Autor uma grande capacidade e desenvoltura na criação de "suspense"/curiosidade (o próprio título do livro é um bom exemplo), tenho de reconhecer que o livro me desiludiu um pouco.
Para mim, uma estória bem contada tem de ter verosimilhança, se non e vero e bene trovato, e este "O Rei do Volfrâmio" tem situações absolutamente inverosímeis: desde o facto de uma só concessão (a do "Rei do Volfrâmio") ter capacidade para abastecer as necessidades deste mineral a Alemanha de Hitler, mantendo por sua conta um comboio exclusivo, num vai-vem constante. Na verdade, um comboio dava para muitas concessões e quem se responsabilizava pelo comboio não era o concessionário, mas uma outra figura: o "exportador" que controlava a exploração. Cada um tinha a sua tarefa. Daqui resulta que toda o trama que põe o "Rei do Volfrâmio" a atravessar Espanha à testa do tal comboio não tem fundamento na realidade histórica.
Mas, o pior é quando a Autor põe em contacto o "Rei do Volfrâmio" com o famoso "Carlos, o Chacal", famoso terrorista internacional que nasceu em Caracas em 1949. É que a acção de " O "Rei do Volfrâmio" passa-se nos fins dos anos 30 e durante a Grande Guerra de 1939-45, isto é, quando "Carlos, o Chacal" ainda nem sequer tinha nascido.
Poder-se-á dizer que o "Rei do Volfrâmio" é um romance e não um um ensaio histórico. Pois é, só que em vez de acrescentar alguma coisa aos nossos conhecimentos, baralha-os. E, como a poesia nunca fez mal aos doutores (António Ferreira), também um certo rigor histórico não faz mal aos romancistas.
Depois estes anacronismos não se verificam apenas neste ponto: a viagem de João Boa Morte de Paris para Portugal com o cadáver da tia "às costas" volta a ser um chorrilho de incoerências. Tem graça, mas não é original, e falta-lhe a tal verosimilhança, pois não é crível que o automóvel tivesse de ficar à espera, na passagem de nível que o comboio passasse...
De qualquer maneira gostava que outrem que tenha lido o livro emita sobre ele a sua opinião, desde logo sobre as dúvida que apresento e, depois, sobre o facto de a tese que se propunha demonstrar ( vida e actuação dos volframistas durante a Guerra Civil de Espanha e durante a II Grande Guerra Mundial) ter falhado redondamente.
Ou este "falhanço" é mais um truque usado para manter a suspense até ao fim?
Jaime Gralheiro
2009/01/24
Reflexões
Um dos principais valores em que culturalmente assenta a sociedade que nos inserimos é o da dignidade da pessoa humana. O reconhecimento do Homem como sujeito de direitos e deveres, num espaço de liberdade e responsabilidade, é uma das conquistas da civilização contra a barbárie.
Mas que Homem é este que historicamente se tem vindo a afirmar? Indiscutivelmente é corpo, mas não é só isso. É também interacção com o meio que o rodeia, dando e recebendo. È neste espaço de liberdade e responsabilidade que ele se afirma como identidade própria e autónoma, Com uma capacidade de avaliação. Para tanto, nesta relação intra e inter subjectiva é necessário que haja um adequado equilíbrio do homem consigo mesmo e com o meio envolvente. Tem de haver saúde, entendida esta como um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Ser-se são etimologicamente equivale a ser-se puro, que na mesma sede equivale a ser-se santo. Dito isto, poderemos chegar a uma primeira conclusão: ontologicamente o Homem é matéria, é espírito e é saúde/santidade.
Acontece que estes valores, que para todos nós se afirmam hoje como algo indiscutível, exigiram dos que nos precederam lutas tenazes e profundamente desiguais. Uma dessas lutas foi contra uma das instituições que mais tem formatado culturalmente o conjunto de países onde geográfica e politicamente nos inserimos. Falo da Igreja Católica. Esta instituição para poder dominar os homens, teve de lhes tirar o corpo, lembremo-nos dos Autos de Fé onde, em nome de um Deus clemente, misericordioso, consolador, se queimavam pessoas. Mas também lhe tirou a alma. Para S. Pedro e seus seguidores o homem é pó e em pó se tornará. Que tratamento mais baixo se poderá dar ao Homem? Como já se deixou dito, o Homem é muito mais que pó, muito mais que matéria. O Homem é também capacidade de afirmação da sua liberdade e responsabilidade na interacção com o meio que o rodeia. Mas a Igreja Católica, na senda de retirar ao Homem toda a sua identidade, tentando com isso deixá-lo, perdido, só, mais propenso ao domínio, retirou-lhe a saúde/santidade, exigindo que em vida o Homem sofresse de todos os padecimentos, com a promessa de uma vida celestial não mensurável nem demonstrável. Chegamos, assim, a uma segunda conclusão: a “Santíssima Trindade” – Pai, Filho e Espírito Santo – mais não é do que o roubo perpetuado pela Igreja Católica ao Homem, apropriando-se da sua espiritualidade, fazendo-a nascer num Pai (“Deus”); retirando-lhe a sua materialidade que fez encarnar num Filho (“Cristo); retirando-lhe a sua saúde/santidade, que fez projectar num “Espírito Santo”.
S. Pedro do Sul, 24 de Janeiro de 2009
Mas que Homem é este que historicamente se tem vindo a afirmar? Indiscutivelmente é corpo, mas não é só isso. É também interacção com o meio que o rodeia, dando e recebendo. È neste espaço de liberdade e responsabilidade que ele se afirma como identidade própria e autónoma, Com uma capacidade de avaliação. Para tanto, nesta relação intra e inter subjectiva é necessário que haja um adequado equilíbrio do homem consigo mesmo e com o meio envolvente. Tem de haver saúde, entendida esta como um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Ser-se são etimologicamente equivale a ser-se puro, que na mesma sede equivale a ser-se santo. Dito isto, poderemos chegar a uma primeira conclusão: ontologicamente o Homem é matéria, é espírito e é saúde/santidade.
Acontece que estes valores, que para todos nós se afirmam hoje como algo indiscutível, exigiram dos que nos precederam lutas tenazes e profundamente desiguais. Uma dessas lutas foi contra uma das instituições que mais tem formatado culturalmente o conjunto de países onde geográfica e politicamente nos inserimos. Falo da Igreja Católica. Esta instituição para poder dominar os homens, teve de lhes tirar o corpo, lembremo-nos dos Autos de Fé onde, em nome de um Deus clemente, misericordioso, consolador, se queimavam pessoas. Mas também lhe tirou a alma. Para S. Pedro e seus seguidores o homem é pó e em pó se tornará. Que tratamento mais baixo se poderá dar ao Homem? Como já se deixou dito, o Homem é muito mais que pó, muito mais que matéria. O Homem é também capacidade de afirmação da sua liberdade e responsabilidade na interacção com o meio que o rodeia. Mas a Igreja Católica, na senda de retirar ao Homem toda a sua identidade, tentando com isso deixá-lo, perdido, só, mais propenso ao domínio, retirou-lhe a saúde/santidade, exigindo que em vida o Homem sofresse de todos os padecimentos, com a promessa de uma vida celestial não mensurável nem demonstrável. Chegamos, assim, a uma segunda conclusão: a “Santíssima Trindade” – Pai, Filho e Espírito Santo – mais não é do que o roubo perpetuado pela Igreja Católica ao Homem, apropriando-se da sua espiritualidade, fazendo-a nascer num Pai (“Deus”); retirando-lhe a sua materialidade que fez encarnar num Filho (“Cristo); retirando-lhe a sua saúde/santidade, que fez projectar num “Espírito Santo”.
S. Pedro do Sul, 24 de Janeiro de 2009
2009/01/21
Os jovens e a leitura: uma relação de amor ou ódio?
Muitas das gerações passadas eram sedentas por leitura, contudo, apesar do interesse, muitas delas não possuíam condições financeiras que lhes permitisse adquirir conhecimento através dos livros. Estava-se então na presença de famílias numerosas, onde poucos saíam para estudar, pois era necessário trabalhar para ajudar no sustento da família. O que acontece com a geração actual é justamente o contrário: os jovens concentram grande parte dos recursos financeiros disponíveis nas suas carreiras, porém, fazem-no privilegiando, sobretudo, o consumo daquilo que está na moda. Adquirem roupa de marca e telemóveis com funções “multi-supérfluas”. Uns Ignoram as boas obras literárias, considerando-as “ultrapassadas”, outros, desconhecem mesmo a existência de autores de referência, tais como Eça de Queirós, Alexandre Herculano, Almeida Garret ou Fernando Pessoa.
Nos tempos que correm, o incentivo à leitura é precário, carecendo de uma maior força motivadora. Os jovens de hoje desprezam o acto de ler sob uma óptica estereotipada em que o corpo e a moda são mais importantes do que o conhecimento contido num livro. Outro factor que contribui consideravelmente para o declínio do hábito da leitura, embora não explicando tudo, é o contínuo desenvolvimento tecnológico. Inúmeros livros consagrados dão lugar às telas de cinema ou às últimas tecnologias, portáteis topo de gama ou jogos interactivos – quanto mais violentos e sangrentos melhor.Chegou a altura de ultrapassar a mera enumeração de dificuldades, que explicam o pouco que se lê e passarmos à acção. Assim, que atire a primeira pedra quem não tem duas horas livres para ler… Ora, está talvez na altura de desligar a televisão, o rádio e ir ler um livro. É de extrema importância enfatizar que a arte da leitura (sim, no sentido de transformação) é fundamental para o conhecimento. Ler uma obra agradável pode ser a alavanca necessária à alteração dessa difícil relação leitor/livro, possibilitando, quem sabe, que o ódio possa gerar o amor.
Infelizmente, muitos jovens não têm hábitos de leitura. É claro que há excepções, não podemos generalizar. Há sim jovens que gostam de ler qualquer estilo literário mas, na realidade, a grande maioria dos adolescentes não gosta nem quer ouvir falar em ler, principalmente os clássicos da literatura. Entretanto, não podemos culpar os jovens por essa aversão à leitura. Os livros, na sua maioria, têm uma linguagem muito difícil de compreender e esse motivo já é suficientemente forte para fazer os adolescentes cansarem-se e perderem a vontade de ler. Afinal, o que adianta ler e não entender nada? A leitura é muito importante para o ser humano, em qualquer fase da sua vida. Por essa razão, é preciso despertar no jovem o prazer de ler e para se conseguir isso, temos de nos inteirar dos seus gostos, as suas músicas preferidas, os seus pensamentos reconhecendo também que a internet, tida como inimiga por muitas pessoas, pode ser uma boa arma para ajudar a conquistar o gosto pela leitura. A tarefa de fazer o jovem gostar de ler pode deixar de ser tão difícil. Isso pode acontecer se houver um trabalho conjugado de pais e professores. Há que fazer os jovens ver que a leitura não é um"bicho-de-sete-cabeças", pelo contrário, até pode ser muito divertido e também pode acrescentar coisas boas nas nossas vidas.
O encanto das palavras remete o leitor para além de sim mesmo, enriquecendo o seu mundo e as suas expectativas. É esse o sentido pedagógico da leitura. Formar leitores, é participar num importante acto de cidadania, oferecendo uma ferramenta fundamental para ampliar nossa concepção do mundo e até alterá-la, transferindo-a para situações do nosso interesse.
Célia Lopes
Nos tempos que correm, o incentivo à leitura é precário, carecendo de uma maior força motivadora. Os jovens de hoje desprezam o acto de ler sob uma óptica estereotipada em que o corpo e a moda são mais importantes do que o conhecimento contido num livro. Outro factor que contribui consideravelmente para o declínio do hábito da leitura, embora não explicando tudo, é o contínuo desenvolvimento tecnológico. Inúmeros livros consagrados dão lugar às telas de cinema ou às últimas tecnologias, portáteis topo de gama ou jogos interactivos – quanto mais violentos e sangrentos melhor.Chegou a altura de ultrapassar a mera enumeração de dificuldades, que explicam o pouco que se lê e passarmos à acção. Assim, que atire a primeira pedra quem não tem duas horas livres para ler… Ora, está talvez na altura de desligar a televisão, o rádio e ir ler um livro. É de extrema importância enfatizar que a arte da leitura (sim, no sentido de transformação) é fundamental para o conhecimento. Ler uma obra agradável pode ser a alavanca necessária à alteração dessa difícil relação leitor/livro, possibilitando, quem sabe, que o ódio possa gerar o amor.
Infelizmente, muitos jovens não têm hábitos de leitura. É claro que há excepções, não podemos generalizar. Há sim jovens que gostam de ler qualquer estilo literário mas, na realidade, a grande maioria dos adolescentes não gosta nem quer ouvir falar em ler, principalmente os clássicos da literatura. Entretanto, não podemos culpar os jovens por essa aversão à leitura. Os livros, na sua maioria, têm uma linguagem muito difícil de compreender e esse motivo já é suficientemente forte para fazer os adolescentes cansarem-se e perderem a vontade de ler. Afinal, o que adianta ler e não entender nada? A leitura é muito importante para o ser humano, em qualquer fase da sua vida. Por essa razão, é preciso despertar no jovem o prazer de ler e para se conseguir isso, temos de nos inteirar dos seus gostos, as suas músicas preferidas, os seus pensamentos reconhecendo também que a internet, tida como inimiga por muitas pessoas, pode ser uma boa arma para ajudar a conquistar o gosto pela leitura. A tarefa de fazer o jovem gostar de ler pode deixar de ser tão difícil. Isso pode acontecer se houver um trabalho conjugado de pais e professores. Há que fazer os jovens ver que a leitura não é um"bicho-de-sete-cabeças", pelo contrário, até pode ser muito divertido e também pode acrescentar coisas boas nas nossas vidas.
O encanto das palavras remete o leitor para além de sim mesmo, enriquecendo o seu mundo e as suas expectativas. É esse o sentido pedagógico da leitura. Formar leitores, é participar num importante acto de cidadania, oferecendo uma ferramenta fundamental para ampliar nossa concepção do mundo e até alterá-la, transferindo-a para situações do nosso interesse.
Célia Lopes
2009/01/20
Quem ousaria...
Quem ousaria ora casar Livraria com Café em São Pedro do Sul, quem?!..."Este Zé é mesmo um sonhador!", juntaria amigo teu, amigo nosso. É, Zé, que o euro está caro, a bica a cem paus, a cento e alguns escudos, o livro a três, quatro contos de réis... e a malta (con)sumindo-se de débito em débito, menino! Vai penosa esta vida!... Sabes, sabemos que rareia já até o pão à dita classe média. Novos pobres, é o que é! Casa aonde o não há difícil é alimentar o espírito, a alma e o sonho.Encher a barriguita é, por outro lado, acto que não custa, conquanto que saciar a alma dá trabalho, exige esforço e treino, bué de treino! O acto de ler e de entender o que se lê é complexo, muito complexo. Felizmente que tem aumentado o número de leitores, bem assim o gosto pelo livro, pela leitura, é um facto, sobretudo nos mais novos, que a Escola tem realizado algum trabalho com mérito, esforçado, é certo, que os recursos são parcos! Para além de não custar, consolar o estômago é instintivo. Basta que observemos um recém-nascido mamando sobre a mãe. Todavia, dou-te razão, Zé, que de entre constatar as amarguras desta vida, cruzando os braços, e arregaçar as mangas, botando mãos à obra, preferível será, em boa verdade, embrenharmo-nos em projecto atrás de projecto.Por isso me curvo respeitosamente, desejando-te sucessos muitos, menino, e aproveito o ensejo, já agora, para agradecer o Convite que insistentemente me endereçaste. Força, Zé, vamos a isto! Um abraço do Jão Cerveira 20 de Janeiro de 2009
2009/01/15
Apoios para que te quero
Pese embora a importância de qualquer apoio, seja ele físico/mecânico, familiar, psicológico ou social, sempre carece de uma elucidação prévia para evitar erros decorrentes de uma incorrecta utilização. Se não, vejamos alguns exemplos:
Perante um muro que ameaça ruir, um simples suporte de madeira que não tenha em conta a verdadeira força da gravidade ou os seus alicerces sejam insuficientes, apenas poderá ser considerado como um "faz de conta" ou como o povo diz, para "encanar a perna à rã". A solução poderá passar por uma acção mais radical que provoque a queda do muro, para assim de novo o erguer em segurança, arredando de vez o perigo, para quem por ali passe. Mais um exemplo:
Uma família que tenha um elemento toxicodependente, que diariamente os pressione para obter cada vez mais dinheiro para consumir (com os prejuízos daí decorrentes em termos de saúde), causando uma verdadeira hecatombe no grupo familiar: o que é possível fazer perante o sofrimento que aquele padece, quando se encontra em estado de ressaca? Não esquecendo que o seu sofrimento é real, deveremos confrontá-lo com a gravidade da situação, embora abstendo-nos de atitudes condenatórias. Assim, deveremos promover o diálogo que possa levar à compreensão do necessário tratamento, ao mesmo tempo que, se devem fazer cessar todos aqueles apoios que possam suportar o processo de consumo. Ainda um último caso:
Uma família que viva uma situação de carência económica há já algum tempo e que tenha na falta de emprego, uma das principais causas. Se a isso lhe acrescentarmos o desânimo já instalado e a falta de motivação em relação à atitude a tomar, face à vida, às obrigações e responsabilidades sociais, provocando uma inércia em relação ao trabalho e às outras necessidades fundamentais da vida, o que devemos fazer em tal situação? Deveremos apenas socorrer esta família com produtos necessários à sua sobrevivência vital - de uma forma continuada - ficando-nos apenas pelas acções caritativas? Ou, para além do socorro material, que embora essencial não é bastante, deveremos socorrer-nos de outras acções que aproveitando as sinergias existentes, possam colocar aquela família na linha da frente e pronta a assumir responsabilidades e tomar as rédeas do seu destino?
Para nós o que faz verdadeiramente sentido é termos em atenção toda a estrutura que está em desequilíbrio e não apenas um elemento ou parte do todo. O nosso olhar deverá ser horizontal e desprovido de preconceitos, de que o problema está nos outros e, pior ainda, que nada há a fazer, como se nós fossemos os bons e aqueles outros, que atravessam situações de dificuldade e carência de qualquer ordem, representassem a maldade, a ignorância, o que não presta e se deve deitar fora.
Todas as contendas, todos os contratos, todos os acontecimentos em que intervêm os homens, têm pelo menos dois lados e não apenas, aquele que corresponde ao ponto de vista, que coincide com os nossos interesses e se adapta "à menina dos nossos olhos".
Urge assim, assumir uma postura despretensiosa evitando as atitudes eivadas de pré–juízos, olhando o nosso semelhante como alguém em dificuldade. Nós próprios poderíamos encontrar-nos numa idêntica situação e certamente que auguraríamos um tratamento respeitoso e solidário. Por isso, resta-nos agir em conformidade, como se fossemos nós, o destinatário da intervenção e do apoio. Esta postura, é viável, quer nos encontremos numa situação de intervenção voluntária, quer nos encontremos em intervenção decorrente da nossa actividade profissional.
Que gostaríamos nós de receber em tal situação? Apenas a oferta de bens ou serviços sem nos pedirem nada em troca, sem buscar a compreensão real da situação a justificar o apoio, ou antes dialogando e inventariando as várias dificuldades existentes e quais as forças potenciais a mobilizar. Que forças interiores disponíveis e prontas a usar, concorrendo como um verdadeiro cimento na construção de um projecto de vida, no qual, os apoios sociais poderiam servir de alavanca importante na implantação dos seus alicerces.
Se for esta a nossa postura, a nossa maneira de estar e intervir, certamente que estaremos no caminho certo e não nos ficaremos por apenas dar o peixe a quem tem fome. Se assim fizermos, estaremos em condições de almejar um papel mais importante, de cuja representação receberemos algumas alegrias e o sentido do dever cumprido. Ao assumirmos este compromisso social, estaremos então à altura da nossa humanidade. Assim, em cada dia que passa, poderemos renová-lo, participando neste trabalho gigantesco com o nosso pequeno óvulo, como agentes activos na formação integral do nosso semelhante, no qual venha a ter reflexos duradouros, dando-lhe a cana, com certeza, mas ensinando-o também a pescar.
S. Pedro do Sul, 10 de Janeiro de 2009.
José Roque
2009/01/14
Nota de Abertura
Embora sendo o proprietário da Livraria/Café “Sabores do Livro” e por isso ter interesses pessoais e comerciais que me impelem a esforçar-me pelo seu sucesso, quero aqui formalmente declarar que, tudo farei para orientar todas as minhas prestações, para que o projecto que lhe está subjacente se concretize, a saber:
- Promover o encontro de pessoas quer se conheçam ou não;
- Acolher diversas actividades culturais, desde a realização de conferências, tertúlias, sessões de poesia e pequenos quadros teatrais, de forma a fomentar a partilha de ideias, o gosto pela leitura e a fruição do tempo livre de uma forma saudável;
- Encurtar distâncias entre os consumidores e o livro, para o que tentaremos escrever algumas notas sobre dois ou três mensalmente, podendo assim talvez, contribuir para aguçar o interesse de alguns para a sua leitura;
- Criar um blogue que possa ser um suporte e um instrumento facilitador da discussão, para o que já requisitamos a participação de um conjunto de colaboradores, que tentarão abordar vários temas, desde a saúde, a educação, a participação social e cidadania, entre outros;
- Colaborar, de acordo com as nossas parcas possibilidades, em todas as actividades que possam ajudar a alargar horizontes, despertar afectos, a promover atitudes que possam contribuir para a construção de uma sociedade de valores, que a todos dignifique.
José Roque
Subscrever:
Mensagens (Atom)