2010/03/10

A Escola de hoje - sociedade de todos os dias



George SantaYana escreveu: “… todo aquele que não tem em conta os erros do passado, está condenado a repetí-los”.
Vem isto a propósito da educação que temos e da educação que transmitimos nas nossas escolas aos nossos jovens. Aliás, a escola, sendo certo que se espera dela, cumpra a função de instruir, dar mais conhecimentos académicos aos seus usuários, preparando-os para no futuro exercerem uma função profissional e social, a sua função não acaba aqui. Ainda mais importante, é tudo aquilo que ela pode e deve fazer ao nível da transmissão de valores ético-morais, que nos formatem em liberdade, abrindo caminho à tomada de decisões, que não sejam lesivas do exercício da liberdade do Outro.
Mas será possível a escola educar em liberdade, quando os vários agentes educativos que a compõem, estão afectados por limitações, que os impossibilitam de cabalmente exercer os seus papéis?
Ora vejamos:
Em primeiro lugar, temos que ver que a Escola não dirige sozinha o barco da educação. Antes dela e cabendo-lhe um papel ainda mais importante, temos a família. É na família, que a aventura da vida começa. É na família, que se aprendem as primeiras palavras, se ensaiam os primeiros passos, se dão as primeiras quedas, mas também onde se aprende a levantar tantas vezes quantas as necessárias. São os modelos do pai e da mãe, para o melhor e para o pior, que vão balizar o processo educativo no seio da família. A eles cabe facultar a aprendizagem do respeito pelo outro, o exercício do afecto retemperador, a educação do olhar para a natureza mãe, a existência de limites que todos devemos respeitar.
Mas as famílias não são todas iguais. As dificuldades atravessam-nas de maneiras bem diferentes a pontos de, enquanto que algumas têm mais que o suficiente, outras há aquém quase tudo falta - habitação degradada, rendimentos insuficientes para prover às necessidades do agregado familiar, baixo nível cultural que impossibilita um melhor desenvolvimento cognitivo e outras limitações geradoras de processos de estigma e exclusão. Assim, compete à sociedade como um todo, com especial responsabilidade para os governantes, encontrar e implementar políticas que tendo em conta todos, sejam direccionadas para os mais desprotegidos aos vários níveis, que contemplem o apoio para o seu desenvolvimento e capacitação,” dando o peixe, mas desde logo fornecer a cana e ensinar a pescar” .
Em segundo lugar, acresce registar a falta de condições para o exercício da disciplina nas escolas. Esta entendida no sentido de cada um, professor, alunos e restante pessoal, poderem exercer o seu papel dentro da normalidade, naturalmente respeitando todos os outros, mas sem ser molestado por eles.
Por tudo isto e em suma, devemos pensar que a educação é, embora a sociedade moderna faça a apologia do “ter” e do “lucro”, o maior e melhor investimento da humanidade, porque embora possibilitando um retorno para o investidor individual, produz uma alteração qualitativa ainda maior, no Fundo Civilizacional de todos os Seres Humanos.
10 de Março de 2010-03-10
José Augusto de Jesus Roque

1 comentário:

João Carlos Gralheiro disse...

Bom trabalho Zé. Gostava de ler a tua reflexão sobre os fenómenos de bowling na escola, designadamente na pública