2010/04/20

Serão de Poesia na "Sabores do Livro"

Um sorriso e um abraço à professora Isabel Prates.
Um segundo sorriso e um segundo abraço a alunos do Ensino Secundário.
Um outro sorriso e um outro abraço aos pais dos alunos, presentes, todos, em comunhão, na Livraria-Café Sabores do Livro, Sexta última, 16 de Abril.
Grato, Zé, por me teres convidado. Grato, a todos, pelo aconchego, pela boa digestão, pela atenção que nos demos. Desafio, já agora, ao continuar de serões assim: envolventes, ternos, de partilha intensa do exercício superior de Dizer a Palavra, de a conhecer, de a descobrir e sentir, verbalizando-a, ofertando-a adiante...
E é por isto que (vos) deixo, aqui, todas aquelas que, lá, vos li:

Texto A
Se partirmos das palavras, do sítio onde estão
No vento, nas bocas emitindo, no dicionário
E as acolhermos pelo que são - bonina ou orquídea
E as aceitarmos no seu justo imenso poder
E as dispusermos legíveis entre núpcia e emboscada
Não há mais problema:
A ideia que lhes pertence desce e devora-as
Como um gavião numa ninhada de pintos.
E o poeta - que é a mãe galinha - disputa é claro
Pode até salvar um pinto ou dois. Não convém mais.
Perturba o jogo das garras, perde e faz perder penas
Mas o necessário fez-se: o poema, farto, levanta vôo
Mais ou menos longo, quási sempre curtote.
Não é nada de novo. Sempre assim se fez.
O que é novo é a estragação, o molde hidráulico
Forçando o material ao prévio da fôrma.
No pinhal há muitos pinheiros. Mas só um dá o mastro.
Para este navio. Não há que derrubar tudo despindo a duna
Para fabricar duas caixinhas de palitos.
Torçam lá o exemplo como quiserem.
Um exemplo operante não tem que ser exemplar.
O que eu quero dizer é visível por fora e por dentro
De todas as argúcias mesquinhas.
Escutem-se as vozes para pilhar palavras directas
E fabrique-se o que os inocentes não sabem alegar.
Podem-se os ventos do que transportam por junto
E produzam-se as burlas que prolongam os acertos.

Texto B
Mamã. És tão bonita. Dorme, filhão.
Gostas de mim? Gosto.
Não há tranquilidade maior.
Alguém, de nós, gosta.

Até breve.Cumprimentos do jão cerveira

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